Lista de finalistas da ONA: uma breve prova de que o jornalismo vai sobreviver sim

maquinaA lista dos projetos e sites finalistas na premiação anual da Online News Association, anunciada essa semana, é um alento depois de tantas notícias ruins no nosso mercado de jornalismo brasileiro nesses últimos dias. Não, infelizmente, não temos nenhum projeto brasileiro por lá. Mas é bom ver como, apesar da crise mundo afora, ainda tem gente fazendo jornalismo nas plataformas digitais de forma séria, experimentando outras formas de atingir a audiência, tentando entender como esse consumidor multiconectado lê e interage com a informação.

A premiação da ONA equivale ao Oscar do jornalismo online mundial e é entregue no jantar de encerramento da conferência anual. O evento, que começou lá nos meados do anos 2000, reúne a turma que faz o melhor do jornalismo digital nas grandes empresas de mídia, nos coletivos espalhados pelo mundo, os executivos geeks, os desenvolvedores das empresas de tecnologia, pesquisadores de universidades, estudantes de jornalismo.

Tive a grata experiência de ser jurada da categoria em língua não-inglesa em 2007 e fomos finalistas com a brava equipe do Globo Online em 2008. Eram tempos em que a participação dos brasileiros ali era significativa. Hoje os sites e projetos de outras línguas que não a inglesa já competem de igual para igual em todas as categorias. Mas os veículos brasileiros não figuram entre os finalistas há dois anos.

Se você trabalha com jornalismo/comunicação ou gosta de ver boas histórias contadas de forma inovadora e criativa no ambiente digital, não pode deixar de olhar essa lista. Ainda não consegui navegar por tudo, mas já babei aqui no projeto que questiona a possibilidade de uma nova bolha no Nasdaq e faz você literalmente navegar pelo sobe e desce do índice, feito pelo time do Wall Street Journal.

Outro destaque é o N-Word do Washington Post, acompanhando o timing desses tempos de racismo ainda mais acirrado lá nos EUA e com a edição customizada de vídeos em tempo real de acordo com as escolhas que temas você faz para assistir.  Ou o projeto do Quarz sobre os milhares de satélites em órbita em cima de nossas cabeças. E ainda o especial da National Geographic sobre o futuro da produção de alimentos no mundo que não para de crescer e precisa alimentar toda essa gente. 

Sim, o negócio do jornalismo está em crise. Mas assim está porque os donos e gestores se negaram a mudar o modelo, baseado na escassez da informação, para o novo cenário de informação abundante. Nunca se consumiu tanta informação e ouso dizer que continuamos a pagar por ela, sempre que enxergamos valor e temos necessidade. A questão é que não queremos pagar mais pelo que virou commodity e que achamos que é possível encontrar em qualquer lugar. O modelo de negócio está ruindo. Mas o jornalismo vai seguir e sobreviver, renovado. Com nós, jornalistas, produzindo em outras estruturas, formas e formatos. E essa lista da ONA, ainda que bastante populada por velhos gigantes do jornalismo, divide espaço com projetos frescos e novos. E é um bom sinal disso.

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